Digaí, Bahia! 25 de julho de 2018

Washington Luiz da Trindade: 95 anos depois

Artigo do Professor Agenor Sampaio Neto, Catedrático de Teoria do Direito e Hermenêutica
da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Dois de janeiro de 2014. Partiu Washington Trindade, ano em que também perdi o meu pai e o Brasil a Copa do Mundo. Para Eduardo Giannetti da Fonseca aquele foi “o ano que abriu uma ferida no debate público brasileiro” tendo em vista a polarização das eleições presidenciais.

Washington completaria 95 anos, agora, em 14 de julho, aos 229 da Queda da Bastilha. Em 2006, tive a honra de proferir o discurso de sua Sagração de Emérito da UFBA: Washington “evoca sempre a ideia do sábio. Há gênios, há homens inteligentes, há espécies variadas de homens. Washington pertence à estirpe dos sábios, mesmo erudito, dispensa a erudição”.

A memória dele entroniza tanto o aprofundamento vertical quanto a expansão polifônica, o verdadeiro sábio tanto se expande quanto se aprofunda e nesta produção de sentidos aparece a síntese dos que se debruçaram, a síntese dos que sentiram, por mais de 90 anos… Em tudo isso, o interacionismo simbólico de Herbert Blumer e, sobretudo, a metainformática de Taurino Araújo, conforme descreve Antony Arroyo, pois ante a possibilidade de um receptor também protagonista Washington faz a diferença em termos de ontologia, epistemologia, axiologia e lógica, “porosidade humanística” ou “quebra da estanqueidade” para a solução dos grandes problemas da vida. Amigos dele, Ventura de Matos, Max Heine e Calmon de Passos, este último ao afirmar que o direito tem a cara do poder, mas, bem empregado, tanto é o limite da dominação como pode ser objeto de felicidade e de emancipação.

Em 2015, discursei no trissecular Instituto dos Advogados da Bahia (IAB) com “Washington Trindade – O bem aventurado post mortem”, direito e literatura ao referir-se ao mitológico “chapeleiro maluco” e contaminação por chumbo de tantos operários da chapelaria…  O clássico tratado Riscos do Trabalho, e o imperdível Compêndio de direito do trabalho marítimo, portuário e pesqueiro… Saudades eternas: não há morte, o que há é o esquecimento (dizia). E é assim que ele permanece recordado, para sempre, em nossas mentes e corações…

professoragenorsampaio@gmail.com
FH, 25/6/18

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