Vereador critica febre dos bebês reborn
Edvaldo Lima levanta debate sobre maternidade e consumo

Edvaldo Lima: trata-se de um colapso mental, um surto psicótico autorizado (Foto: Câmara Municipal)
A cena pode parecer inofensiva com crianças e mulheres adultas cuidando com carinho de bonecos hiper-realistas, que imitam bebês de verdade. Mas o que estaria por trás da crescente popularização dos chamados bebês reborn? Foi essa a pergunta provocativa feita pelo vereador Edvaldo Lima (União Brasil) durante sessão na Câmara Municipal de Feira de Santana, nessa terça-feira (3).
Conhecido por suas posições conservadoras e discursos frequentemente polêmicos contra mulheres independentes e pessoas LGBTQIA+, desta vez o parlamentar chamou atenção ao levantar um debate que ultrapassa a pauta religiosa, ou seja, o impacto psicológico, social e econômico da substituição simbólica de filhos reais por bonecos artificiais.
“É um colapso mental, um surto psicótico autorizado, estimulado e transformado pela indústria”, disse o vereador, referindo-se ao mercado em torno dos bonecos. Segundo ele, além do investimento emocional, mães de reborn estão comprando fraldas, mamadeiras, cadeiras de bebê e até pagando por vagas em creches especializadas nesse tipo de “filho”.
Para Edvaldo, o fenômeno representa uma “maternidade sem dor, sem esforço e sem vida”. Em um de seus momentos mais contundentes, o vereador alertou que “enquanto muitos criam brinquedos, crianças reais são violentadas, abandonadas e esquecidas por seus pais e responsáveis. É uma sociedade que prefere viver de faz de conta.”
Entre o afeto simbólico e o consumo real
Embora o discurso carregue julgamentos e expressões religiosas que merecem ser relativizadas, a crítica central toca em questões profundas. Por exemplo, o que leva mulheres, muitas vezes adultas, a cuidar de bonecos como se fossem filhos reais? Em que medida esse comportamento reflete carências afetivas, traumas ou solidão? E até que ponto a indústria se aproveita disso para lucrar?
O fenômeno dos bebês reborn, surgido inicialmente como forma terapêutica para mulheres em luto ou com dificuldades de gestação, hoje se espalha como hobby, tendência estética e conteúdo para redes sociais. Há quem veja nele uma forma de expressão legítima do afeto e do cuidado. Outros, como o vereador feirense, enxergam um desvio da realidade, estimulado pelo mercado e normalizado pela cultura do consumo.
Da Redação do Feira Hoje
04/06/25