Tribo Marubo da Amazônia processa jornal norte-americano por difamação
Caso levanta debate sobre representação indígena na mídia internacional
A tribo Marubo, que vive no Vale do Javari, na região amazônica do Brasil, entrou com uma ação judicial contra o jornal norte-americano The New York Times e os portais TMZ e Yahoo, acusando-os de difamação. A ação foi apresentada na Justiça da Califórnia, nos Estados Unidos, e questiona a forma como os indígenas foram retratados em uma reportagem publicada em 2024.
Segundo os Marubo, a matéria do New York Times deu margem a interpretações distorcidas sobre o impacto do acesso à internet via satélite na comunidade, sugerindo que os jovens indígenas teriam se tornado viciados em pornografia após o uso do serviço Starlink, da empresa de Elon Musk. O conteúdo foi amplamente replicado por outros sites e acabou reforçando estigmas e desinformações sobre a cultura indígena.
A liderança da tribo afirma que a introdução da internet trouxe benefícios concretos, como acesso a serviços de saúde e educação, e que a reportagem deturpou essa realidade ao focar em aspectos negativos sem base factual. A ação judicial é assinada pelo líder Enoque Marubo e pela jornalista Flora Dutra, que atuam em defesa da integridade cultural do povo Marubo.
Após a repercussão negativa, o New York Times chegou a publicar uma segunda matéria, com o título “No, A Remote Amazon Tribe Did Not Get Addicted to Porn” (em tradução livre, “Não, uma tribo remota da Amazônia não se viciou em pornografia”). Mesmo assim, os autores da ação consideram que os danos à imagem da comunidade já haviam sido causados.
O processo reacende o debate sobre a forma como povos indígenas são retratados pela mídia internacional e o impacto dessas narrativas na luta por respeito, soberania e dignidade.
Feira Hoje, com informações do The New York Times e da BBC News
01/06/25