Museu Regional de Arte (MRA)
Chamado originalmente de Museu Regional de Feira de
Santana, o Museu Regional de Arte (MRA) nasceu com um acervo de artes
plásticas no qual figurava a maioria dos artistas modernistas
brasileiros de destaque, incluindo baianos e feirenses. O acervo contava,
ainda, com uma coleção de modernistas ingleses adquirida
por Assis Chateaubriand, quando embaixador do Brasil na Inglaterra.
Compunha a coleção, também, uma seção
destinada à cultura regional, constituída por artefatos
característicos da chamada “cultura do couro”,
que ilustravam o cotidiano do homem sertanejo e remetiam às
origens do povo de Feira de Santana.
O objetivo de Assis Chateaubriand, idealizador do
Museu, era possibilitar a descentralização de museus,
viabilizando a interiorização da arte, o incentivo à
descoberta de novos artistas, além de criar um espaço
de lazer e educação que favorecesse a apreciação
de obras de arte.
O MRA abriu as portas ao público em 1967,
criado pelo Governo do Estado da Bahia, graças à doação
de obras feita pelo jornalista Assis Chateaubriand e ao empenho de
intelectuais baianos. Para administrar o museu, a Fundação
Museus Regionais da Bahia criou a Fundação Museu Regional
de Feira de Santana, em 20 de fevereiro, com a direção
composta por João da Costa Falcão, como presidente;
Eurico Alves Boaventura, como vice-presidente; Fernando Pinto de Queiroz,
na função de secretário; Jorge Bastos Leal, como
tesoureiro e Dival da Silva Pitombo, no cargo de diretor executivo.
O museu foi inaugurado pouco mais de um mês depois em solenidade
que contou com a presença de Assis Chateaubriand, do pintor
Di Cavalcanti e do embaixador inglês no Brasil, John Russel.
O acervo do MRA ocupou, originalmente, o antigo prédio
cedido pela administração municipal, onde hoje funciona
o Museu de Arte Contemporânea, na rua Geminiano Costa, em Feira
de Santana. Foi incorporado à Universidade Estadual de Feira
de Santana em 1985. Isto se constituiu em solução para
os diversos problemas enfrentados pelo acervo, inclusive de segurança.
Para se ter uma idéia, alguns anos antes uma importante obra,
o auto-retrato do artista plástico feirense Raimundo de Oliveira,
havia sido roubado do acervo por um bêbado que trocou a tela
em um bar por uma dose de bebida. Pessoas presentes reconheceram o
quadro e providenciaram a devolução.
Sob a responsabilidade da Universidade Estadual de
Feira de Santana, o acervo foi conduzido para o prédio do Centro
Universitário de Cultura e Arte, o Cuca, e organizado em cinco
salas climatizadas. O MRA conta com cinco coleções específicas
da arte moderna: a colação dos artistas brasileiros,
a coleção dos artistas baianos, a coleção
dos artistas feirenses, a coleção dos artistas nipo-brasileiros
e a coleção dos artistas ingleses. A sala do Ciclo do
Couro foi relocada para o Museu Casa do Sertão, localizado
no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Informações extraídas da
obra
Museu Regional de Arte – Acervo,
publicada pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), em
2000.
Acervo Inglês do MRA
O privilégio de conhecer e admirar parte de
trabalhos de importantes artistas ingleses é plenamente possível
a quem mora na Bahia ou nela se hospeda.
Um verdadeiro tesouro da arte contemporânea inglesa, mais precisamente
das décadas de 1950 e 1960, composto de 30 telas dos mais destacados
artistas, compõe o acervo da coleção inglesa
do Museu Regional de Arte de Feira de Santana, pertencente à
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e integrado ao complexo
cultural do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca).
Entre estes nomes, autores de obras que merecem o reconhecimento de
renomados críticos de todo o mundo, destacam-se: Antony Donaldson,
Alan Davie, Bary Burman, Brett Whiteley, Bryan Organ, David Oxtoby,
Derek Hirst, Derek Snow, Howard Hodgkin, Graham Sutherland, John Piper,
John Kiki, Joe Tilson, Paul Wilks e Pauline Vincent, constituindo-se
na única coleção de artistas modernos ingleses
em um museu brasileiro, num total de 30 obras em óleo sobre
tela, óleo sobre eucatex, esmalte sobre metal, técnica
mista sobre eucatex e técnica mista sobre papel.
Este acervo, doado desde a fundação
do museu, em 1967, pelo fundador, o embaixador Assis Chateaubriand,
apresenta características muito peculiares. A obra intitulada
“Três Torres de Suffalk”, de John Piper, já
pertenceu ao acervo da destacada Tate Gallery; a tela “Muggeridge
em Azul”, de Bryan Organ, merece destaque pelo fato do seu autor
ter se tornado famoso, em todo o mundo, por ter pintado o retrato
de Lady Di, exposto na galeria dos retratos da família real,
no Buckingham Palace; o trabalho de Brett Whiteley, um tríptico
de beleza extraordinária; e ainda a pintura em óleo
sobre tela, de dupla face, denominada “Jane Avril”, de
autoria de John Kiki; Howard Hodgkin, que tem no museu a obra “Mr.
Mrs. Roger Coleman”, tornou-se notável pelo longo tempo
utilizado na preparação de trabalhos. E este, especificamente,
foi realizado durante dez anos; vale ainda referência ao trabalho
de Pauline Vicent, intitulado “Seated figure” que se destaca
pela técnica e natureza dos materiais, esmalte sobre metal.
Esta coleção mereceu do crítico
Marcus Lontra Costa, ser descrita como um conjunto homogêneo
caracterizado pela sistematização do perfil, cuja importância
lhe permite ser exposto em qualquer lugar do mundo. Ainda, de acordo
com o pintor Francisco Liberato, ex-diretor do Museu de Arte Moderna
da Bahia, Brasil, que possui obra incluída no Museu Regional
de Arte de Feira de Santana, trata-se da mais significativa coleção
de artistas plásticos ingleses, modernos, existentes na América
do Sul.
Estas peças de rara beleza e importância
sem par encontravam-se em péssimas condições
de conservação, ameaçadas até mesmo de
destruição completa graças às más
condições ambientais e técnicas em que estavam
expostas. Em 1998, a Universidade Estadual de Feira de Santana empenhou-se
na restauração de todo o acervo do museu. Hoje, é
possível apreciá-las em excelentes condições:
restauradas, conservadas em ambiente climatizado, iluminadas sob orientação
técnica e acompanhadas pelo corpo de museólogos da Uefs/Cuca.
Extraído da obra Coleção
Inglesa publicada pela Uefs por ocasião da
exposição desta coleção pelo Museu de
Arte Moderna da Bahia, de 12 de maio a 27 de junho de 2000.