Artigo / Por Everaldo Goes 23 de abril de 2025

Quando a ficção do cinema encontra o sagrado: a intrigante coincidência do filme Conclave

Em um mundo cada vez mais acostumado com surpresas narrativas e reviravoltas roteirizadas, a realidade parece ter se inspirado no cinema. No mesmo mês em que o filme ‘Conclave’ estreou no Prime Video (no cinema, em 23 de janeiro), retratando com intensidade e mistério os bastidores da escolha de um novo papa, o mundo testemunhou a morte real do Papa Francisco, ocorrida em 21 de abril de 2025. A coincidência despertou um misto de fascínio, inquietação e teorias sobre o papel da arte em antecipar ou refletir eventos históricos.

O longa, dirigido por Edward Berger e baseado no livro de Robert Harris, se tornou um sucesso instantâneo de crítica e público. Com atuações poderosas de Ralph Fiennes, Stanley Tucci e John Lithgow, ‘Conclave’ mergulha nas tensões que cercam a sucessão papal, revelando jogos de poder, alianças e disputas ideológicas que inflamam os corredores do Vaticano. Mais do que um thriller, o filme oferece um olhar perturbador sobre os conflitos internos da Igreja e os desafios de escolher aquele que, pelo menos para os fiéis católicos, será a voz de Deus na Terra.

Com a morte do Papa Francisco, o filme rapidamente ascendeu ao topo dos rankings de visualizações. O público, já cativado pela trama, agora assiste à obra com novos olhos, tentando decifrar o que a ficção poderia dizer sobre o futuro da Igreja. Seria apenas uma coincidência o lançamento de um filme sobre um conclave papal tão perto da necessidade de um conclave real? Ou estaríamos diante de um momento em que o cinema, como espelho da sociedade, antecipa com estranha precisão os acontecimentos do mundo?

O processo real de escolha de um novo papa — o conclave — é envolto em sigilo e rituais centenários, e talvez por isso o filme exerça tanto fascínio: ele rompe esse véu e nos convida a imaginar o que se passa por trás das portas fechadas da Capela Sistina. Agora, com os olhos do mundo voltados para Roma, muitos se perguntam se a realidade imitará a ficção também no desfecho.

No fim das contas, ‘Conclave’ não apenas entregou um roteiro premiado, mas lançou uma pergunta ao público: até que ponto estamos preparados para encarar as verdades que a arte, mesmo sem querer, nos revela? E mais — qual será o impacto de um novo papa em um mundo onde fé, política e narrativa se entrelaçam cada vez mais?

*Everaldo Goes é jornalista, graduado em Licenciatura em História e editor do Feira Hoje 

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23/04/25

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