Museu Casa do Sertão expõe cartazes de antigas micaretas e mortalhas de blocos

Museu reabriu nesta quarta-feira (16) com exposições de ponta e roda de conversa que celebram a alma nordestina

Criação do artista plástico feirense Vivaldo Lima

Depois de meses de preparação e cuidados com seu precioso acervo, o Museu Casa do Sertão, vinculado à Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), reabriu as portas ao público nesta quarta-feira (16) com uma programação que pulsa a força do sertão e exalta a memória coletiva do povo nordestino.

Mortalha do bloco UCA, que conquistou o primeiro lugar nos anos 70 e 80

A retomada marca também os 47 anos de história de um dos mais importantes espaços culturais do interior baiano. E a celebração não poderia ser mais à altura: exposições com artistas consagrados e uma roda de conversa emocionante com criadores que vivem e sentem o sertão na pele, na arte e na palavra.

Nestes dias que precedem a Micareta de Feira de Santana 2025, que será realizada de 1° a 4 de maio, uma festa para a memória e os olhos: exposição de cartazes de antigas edições da folia e de trajes de famosos blocos, como uma ‘mortalha’ da UCA, vestimenta que antecedeu ao ‘abadá’.

Os catarzes são do acervo do Museu Casa do Sertão, uma parte doada pelo historiador e pesquisador Carlos Melo. O diretor do Museu,  Cristiano Cardoso, explicou que os cartazes expostos são réplicas que nada devem aos originais, que ficam devidamente guardados e conservados.

Autor: artista plástico feirense Carlo Barbosa

A mostra especial dedicada à história da Micareta de Feira de Santana disponibiliza fotografias, cartazes e documentos que traçam um passeio visual pelas transformações dessa festa popular, desde seus primeiros passos até os dias atuais. Um verdadeiro um mergulho nostálgico e necessário na identidade cultural da cidade.

Artistas de destaque 

Entre os destaques da nova programação estão nomes como Antônia Tumbalalá, Marilene Brito, Elaine Oliveira, e o coletivo ‘Brito e Suas Narrativas Sertanejas’. São obras que retratam a vida no campo com toda a sua beleza, dureza e poesia — da lida com o leite à pesca, dos festejos juninos ao imaginário mítico de figuras como Lampião, Maria Bonita e até uma sereia do sertão.

A exposição ‘Sertão em Flor‘, da artista e professora Elaine Oliveira, é um verdadeiro banho de cultura nordestina. Com traços firmes e sutilezas digitais, ela transforma a Caatinga em arte viva. Pinturas, colagens, aquarelas e ilustrações se entrelaçam com o acervo histórico do Museu, propondo uma imersão estética e sensorial nos símbolos e desafios desse bioma singular. Além da exposição, Elaine planeja desenvolver oficinas e ações educativas com estudantes da rede pública, ampliando ainda mais o impacto social de sua obra.

Na tarde desta quarta-feira (16), o público participou de uma roda de conversa com os autores das exposições: Edson Duarte, Elaine Oliveira e Maria Xavier, do povo Tumbalalá. Era esperada a presença de Bel da Bonita, mas, problemas de saúde impediram.

Juraci Dórea, artista plástico feirense homenageado na Micareta deste ano, assinou o cartaz de 1976

Foi um momento único de troca, escuta e reconhecimento de trajetórias que transformam vivência em arte e resistência.

Investimento na memória

A reabertura só foi possível graças a um robusto trabalho de modernização, com foco na criação de uma nova Reserva Técnica. O espaço, agora estruturado com equipamentos de ponta — arquivos deslizantes, módulos de aço, prateleiras móveis e sistema de segurança — garante a conservação adequada de milhares de peças do acervo, incluindo o precioso legado do poeta e jurista Eurico Alves Boaventura.

Esse investimento, o maior dos últimos 20 anos no Museu Casa do Sertão, consolida o compromisso da Uefs com a preservação e difusão da memória cultural sertaneja. Em 2023, a Instituição já havia aplicado recursos em melhorias na acessibilidade, iluminação e instalações elétricas. Agora, o foco está na conservação preventiva e no restauro especializado de obras em barro, madeira e, futuramente, couro e instrumentos musicais.

O Museu Casa do Sertão volta a ser mais do que um espaço de visitação — é território vivo de memória, educação, arte e afeto. Um convite à cidade e ao sertão para se reconhecerem, se emocionarem e se reinventarem.

• Serviço:

• Reabertura do Museu Casa do Sertão
• Data: 16 de abril de 2025 (quarta-feira)
• Roda de conversa com os artistas: às 15h
• Local: UEFS – Feira de Santana

Siga o Feira Hoje no Instagram 

16/04/25

Atualizada 18/04/25