Produção de bens e serviços culturais continua concentrada nos países desenvolvidos

Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) avalia a evolução do panorama cultural após 10 anos da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões culturais, firmada, em 2005, por 141 países, e em vigor desde 2007. O objetivo é obter um equilíbrio entre o intercâmbio de bens e serviços culturais no mundo. No entanto, após uma década, verificou-se que o setor continua dominado pelos países industrializados.

A expansão das redes sociais também transformou o modo de produção e difusão dos bens culturais, favorecendo o aparecimento de novos atores. Porém, segundo o relatório Re/pensar as políticas culturais, apresentado recentemente pela Unesco, a concentração por parte dos gigantes da rede fragiliza o acesso a uma diversidade de opções culturais.

O total das exportações de serviços culturais, em nível mundial, em 2012, foi de US$ 128,5 bilhões, com os países em desenvolvimento representando apenas 1,6%. Já, em 2013, a exportação de bens culturais foi de US$ 212,8 bilhões, com o percentual dos países em desenvolvimento representando 46,7%. Um avanço se comparado a 2004, quando o índice era de 25,6%. No entanto, tal progresso deveu-se as exportações da China e da Índia.

O informe aponta que, embora a Convenção seja utilizada em grandes acordos de livre comércio, ainda é necessário reforçar alguns âmbitos, como o acesso das mulheres a algumas profissões da cultura; facilitar a mobilidade dos artistas no Hemisfério Sul; e integrar a dimensão cultural nas estratégias de desenvolvimento sustentável.

Realizado com o apoio financeiro do governo sueco e a partir das informações de 71 países, o relatório examinou o impacto da Convenção; em quatro objetivos: apoiar sistemas de governança cultural sustentáveis; alcançar o fluxo equilibrado de serviços e bens culturais, fomentando a mobilidade de artistas e profissionais da cultura; integrar cultura e desenvolvimento sustentável; promover os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

Cristina Fontenele – Repórter
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Evolução do percentual de exportações de bens culturais entre os países desenvolvidos e países em desenvolvimento (sem China e Índia) – 2004 a 2015